PARÁBOLA DAS ANDORINHAS

23-08-2011 19:40

longe, muito longe daqui, numa terra em que nunca faz frio e há flores o ano todo, neste lugar distante que chamamos de África, as andorinhas tiveram um encontro.
Foi um encontro muito impressionante. Depois de tomarem banho no orvalho da madrugada, as andorinhas estavam arrumadinhas, seus olhos pretos brilhavam, era a coisa mais perfeita.
As andorinhas começaram a chegar de perto e de longe, centenas e centenas, aliás milhares delas. Depois que todas estavam reunidas, deram início aos trabalhos. Cantaram um hino e fizeram uma oração. Em seguida todas  ficaram caladinhas para ouvirem melhor o que uma das andorinhas chefes tinha a dizer. Ele explicou que havia chegado o tempo em que deveriam deixar a África e voltar para sua terra natal. Neste encontro o dia e a hora seriam marcados para iniciar a viagem. Também receberiam uma cópia das leis que regulamentariam seu comportamento durante a viagem.
Terminado este primeiro discurso, as andorinhas elegeram líderes. Feito isso, deram a palavra aos novos líderes, que disseram o seguinte:
- Amanhã, que é o primeiro dia do mês, vocês todas precisam reunir cedo no lugar de encontro. Quem  chegar atrasado terá que permanecer aqui na África.
“ No primeiro trecho da nossa viagem voaremos por cima de uma linda paisagem, até chegarmos num lugar de muita água, que é chamado de mar. Vamos voar juntinhas e cada uma terá seu lugar. Isto  é importante, pois somente assim teremos proteção dos gaviões que nos seguirão. Eles não tem coragem de atacar milhares de andorinhas voando juntas, mas vendo uma ou duas afastadas do grupo, logo cairão em cima delas.
“ Enquanto estivermos no primeiro trecho da viagem, sobrevoando os lindos países, vocês precisam obedecer à risca a todas as ordem dadas. Vamos parar bastante para descansarmos. É importante se alimentarem bem, mas havendo muitos insetos, não comam exageradamente, para não engordarem, o que atrapalhará seu desempenho na viagem.
“ Ao chegarmos à beira-mar, vamos parar e fazer outra reunião, na qual nos entregaremos nas mãos de Deus  em preparação para o segundo trecho da viagem, que será muito perigoso.
“ Durante muito tempo a única coisa que verão será água, água e mais água, mas não podem parar de voar, pois não haverá lugar para pousar.
“ O Criador determinou que somente as andorinhas que obedecem a todas as ordens e oram muito conseguirão atravessar o mar. Agora, vamos orar ”
Todas as andorinhas oraram e cantaram um hino. Em seguida os líderes deram a reunião por encerrada.
No dia seguinte as margens de um grande rio, que era seu lugar de encontro, estavam pretas por causa da multidão de andorinhas. Primeiro foram centenas, de milhares e dezenas de milhares, finalmente centenas de milhares. Havia tantas andorinhas que ninguém era capaz de conta-las
Entre aas muitas andorinhas pretas havia algumas cinzentas, que eram os líderes. Havia também andorinhas brancas, tão brancas que parecia que seria impossível elas se sujarem com terra. Estas voavam entre os grupos e as admoestavam a orar e obedecer ao Santo Criador, o Deus vivo.
Entre as andorinhas havia jovens e crianças que brincavam. Elas estendiam as asas para ver quem tinha asa maior. Estas andorinhas jovens acreditavam que sobrevoar o mar seria brincadeira, pois não tinham a mínima idéia da sua extensão. Logo, logo elas fizeram grande amizade entre si. Uma de suas brincadeiras eram batalhas aéreas, segundo elas, para aprenderem a lidar com os inimigos que pudessem encontrar no caminho.
Um das andorinhas velhas admoestou as jovens:
- Não façam isso. Não devemos nos preparar para lutar, mas sim para procurar a paz. Ao invés de batalhar, procurem a ajuda de Deus. Se vocês quiserem derrubar  todos  seus inimigos com luta corporal, nunca conseguirão atravessar o mar.
As andorinhas meninas gostavam de falar de suas roupas, para ver quem usava o vestido mais bonito.
Uma andorinha branca voou entre elas e disse:
- Na viagem que vamos fazer gora, vestidos bonitos e beleza não vão resolver nada. É muito melhor pensar em Deus e em seu grande poder se não quiser morrer  afogadas no meio do mar.
As andorinhas mais idosas assumiram a responsabilidade de preparar as mais novas para a travessia do mar. Isso elas faziam com muito amor, pois não queriam perder ninguém nas águas negras e frias do mar.
Chegou a hora da partida. Foi afeita uma oração e todas as andorinhas cantaram um hino. Então se ouviu um barulho, quase como um trovão, quando centenas de milhares de andorinhas disseram:
-Adeus, África!
O sol ficou tapado pela nuvem preta de andorinhas que pegaram vôo. As pessoas, vendo que estava ficando escuro, disseram:
- Olhem só! As andorinhas estão voltando para casa.
Como foi agradável o primeiro trecho, rumo ao mar. Enquanto voavam, as andorinhas faziam novas amizades. Os líderes mandavam que parassem  frequentemente e descansassem. O tempo que ficavam em terra era aproveitado para fortalecerem seus corpos e espíritos.
Na última parada, os lideres fizeram uma espécie de check-up em cada andorinha. Qualquer uma que tivesse penas danificadas ou que estivesse doente, devia confessar esta falta. A ordem era de esperar até que aquelas que confessaram suas faltas estivessem recuperadas. Muitas de fato confessaram seus defeitos, mas outras não, por acharem que eram coisas à toa, que iriam sarar durante a viagem.
Outras andorinhas, as teimosas, foram gulosas e comera insetos até não caber mais um no papo. Quando as andorinhas brancas as advertiam, deixavam suas palavras entrar por um ouvido e sair por outro. Estas engordaram tanto durante os dias que passaram à  beira-mar, que ou estavam dormindo ou caçando mias insetos. Mesmo quando ajudavam a cantar, não estavam pensando nas lindas palavras dos hinos, mas sim nos insetos que queriam pegar.
- Agora! Em nome de nosso Criador, vamos partir.
Estava iniciando a grande  travessia.
- Adeus África! Adeus África!
Novamente milhares e milhares de andorinhas repetiram estas palavras.
- Vamos atravessar o mar para chegar em nossa casa.
As andorinhas que na margem do rio acharam que o mar não era tão grande agora mudaram de idéia. O mar era grande, sim! Voaram durante muito tempo e a única coisa que viram foi água, água, e mais água. Suas asas estavam cansadas e mal conseguiam manter a cabeça erguida. Enquanto procuravam um lugar para descansar, que na realidade não existe, seus líderes as animavam:
- Voemos! Voemos! Voemos!
As andorinhas que não confessaram suas faltas na terra não aguentaram o vôo. Uma atrás outra foram caindo nas águas negras do mar. Quando uma andorinha sabia não aguentava mais e caía na água, boiava e daí a pouco, com novas forças, retornavam o vôo.
As desobedientes não conseguiam levantar  võo novamente e morriam nas águas frias do mar.
As gulosas que exageraram no consumo de insetos enquanto em terra e engordaram demais agora não conseguiam acompanhar as outras. Vendo que suas forças estavam acabando, imploravam:
- Esperem! Esperem! – mas não adiantou. Seria impossível centenas de milhares de andorinhas, sobrevoando o mar parar e esperar as desobedientes.
A ordem dos líderes era:
- Voemos! Voemos!
Aliás, esta não era apenas a ordem dos líderes, mas também de Deus. Aquelas que seguiram as instruções de Deus enquanto na terra teriam forças suficientes para atravessar o mar. Mas a cada hora que passava, esta força diminuía, de forma que não podiam passar tempo num lugar só. Neste caso não sobraria forças para chegar na praia distante.
Coitadas das andorinhas desobedientes. Na terra não souberam dominar seus desejos carnais e agora sua gula  estava pesando sobre elas. Levando-as cada vez mais para perto das águas negras do mar.
De repente houve uma tempestade violenta e centenas de andorinhas caíram no mar. As obedientes, que tinha costumes de orar a Deus, foram baixando, baixando, mas não caíram no mar, pois tinham forças suficientes para não serem dominadas pelos ventos e palas chuvas. Mas das desobedientes, não sobrou uma só andorinha. Estas nunca iriam chegar à praia distante, no lugar onde deviam fazer seus ninhos.
Quando a tempestade piorou, as andorinhas avistaram seu convés. Os tripulantes não gostaram, mas a criançada adorou. Depois de descansarem durante alguns minutos, o primeiro grupo levantava vôo e em seguida uma nova remessa, e depois outra... Desta forma deu para todas as andorinhas renovar as suas forças.
Depois de alguns dias teve uma nova tempestade. Esta foi mais violenta do que a primeira. Algumas das andorinhas mais fracas pereceram nas águas do mar. Até as mias fortes s desesperaram.
- As nossas forças estão acabando! Vamos todas perecer no mar!
Uma das andorinhas brancas gritou:
- Não vão perecer! Basta crer e obedecer. Deus vai lhes dar forças para vencer!
De repente ouviu-se o grito animado das andorinhas  que voaram na frente.
- Terra! Terra!
A notícia logo espalhou entre todas as andorinhas, e apesar de ainda estar no meio da tempestade, todas ficaram animadas, aliás quase todas. Haviam umas poucas que não acreditaram na boas  novas e já, com as praias da Europa à vista, caíram no mar e pereceram. As outras, porém, pousaram na praia e houve grande alegria.
Depois de um bom descanso, convocou-se outra assembleia. Depois de uma oração, cantaram-se hinos de louvor ao bondoso Criador que as ajudou a atravessar o mar com segurança.
Agora estava começando uma nova fase na viagem. Até agora haviam voado juntas. Mas daqui em diante seriam classificadas e divididas em grupos menores. Cada andorinha tinha que declarar em que cidade havia nascido.
Havia inglesas, francesas, russas, alemãs, austríacas, húngaras, boêmias e eslovacas. E desta forma classificadas, primeiramente por  país e depois por cidade ou aldeia.
Todas as andorinhas agradeceram a seus líderes corajosos por sua fidelidade. Estes, por sua vez, pediram às andorinhas que assim que chegassem em casa, anunciassem a todos os moradores que já era verão. Então, depois que todas se despediram, cada grupo partiu para sua região no continente europeu. Enquanto voaram, as andorinhas conversavam animadamente:
- Você é de que cidade?
- Sou de Leningrado.
- Eu sou de Moscou.
- E você, para onde vai?
- Para Paris.
- Nós estamos indo para Praga.
- E nós para Viena.
- Nosso destino é Roma.
- Vão com Deus!
Como se pode imaginar, aquelas que iam para a mesma região ou cidade logo faziam amizade. As andorinhas da boêmia conversavam com as da Eslováquia.
- Para onde vocês estão indo?
- Estamos indo para Viena.
- E vocês, onde moram?
-Nós fazemos nossos ninhos na torre de uma igreja. Alguns dos habitantes do lugar não gostam, mas pedimos autorização do Senhor  Deus e ele nos deu licença, conforme Salmo 84:3. Vocês são d onde?
- Nós somos de Praga onde há um castelo antiquíssimo no qual os reis da Boêmia moravam antigamente.
- Nós estamos indo para Trenchin.
- Onde fica?
- No vale do rio Vah.
- Nós estamos indo para Budapeste. É  um lugar ótimo para morar pelo fato de estar infestado de pernilongos e outros insetos.
- Então vocês devem fazer seus ninhos no castelo?
- Não, pois é um lugar muito isolado e ficaríamos muito longe das outras andorinhas.
- E vocês são de onde?
- Somos de uma região de muitas aldeias. Basta uns cinco minutos de vôo para chegar numa aldeia vizinha, e daí mais cinco minutos para chegar em outra...
- Estamos chegando. Foi muito bom voar com vocês. Que Deus lhes abençoe em tudo.
- Vão com Deus.
Foi desta forma que todas a andorinhas que vieram do continente distante da  África atravessaram o mar e seguiram cada uma para sua cidade ou aldeia natal. Sim, para seu próprio ninho. Todas chegaram com grande alegria Nós também as recebemos com alegria. Vejam as andorinhas voando. Chegou o verão!

LIVRO: UM SERVO APENAS